Caso Clínico 2

21/08/2012 02:12

HISTÓRIA: Adolescente de 14 anos foi admitido no PA do HU da USP (5/08/2003) com histórico de 5 dias de cansaço, anorexia, febre de 38,5°C, vômitos e dor abdominal no hipocôndrio direito. Negava alterações de urina ou fezes.

EX. FÍSICO: Regular estado geral, descorado +/4+, desidratado em algum grau, eupnéico, afebril e anictérico. Sem alterações ao exame cardíaco e pulmonar. Abdome plano, normotenso, doloroso difusamente, ruídos hidro-aéreos presentes e bastante diminuídos, Giordano negativo.

EX. COMPLEMENTARES: Glicemia: 93 mg%; Hb: 13,5 g/dL; Ht: 41%; leucócitos 1.900/mm3 com 36% de segmentados, linfócitos - 49%, 15% de monócitos; 119.000/mm3 plaquetas. TGO: 3866 U/ml, TGP: 3385 U/ml; alfa-amilase: 39 UI/ml. Bilirrubina total: 1,2 mg%. No coagulograma, TP de 13,2 segundos, 95% de atividade; TTPA: 38,5 segundos; fibrinogênio: 339 mg%. Ultra-som abdominal com discreta hepatomegalia, sem outras alterações.

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA: Hepatite viral aguda, confirmada através da sorologia que mostrou anti-HAV IgM positivo e IgG positivo.

EVOLUÇÃO: O paciente evoluiu bem, com melhora progressiva do estado geral e de aceitação alimentar. Após 2 dias, os exames de controle apresentavam Hb: 14,5 g/dL, Ht: 44%, 3.000 leucócitos/mm3 com 41% de segmentados, 54% de linfócitos e 4% de monócitos, com plaquetas de 150.000/mm3; TGO: 3359 U/ml e a TGP: 4546 U/ml. Devido à estabilização clínica, o paciente recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. Após 35 dias do início do quadro, o paciente retornou devido ao aparecimento de lesões violáceas pelo corpo. Ao exame físico: bom estado geral, corado, hidratado, eupnéico, afebril e anictérico, com petéquias planas em membros inferiores, nádegas e mucosa oral, sem outros achados. Os exames evidenciaram Hb: 12,3 mg/dL, Ht: 38%, 5.700 leucócitos/mm3, 37% segmentados, 44% linfócitos, 1% monócitos, plaquetas 511/mm3. Coagulograma com TP: 12,5 segundos, 100% de atividade de protrombina, TTPA: 31,2 segundos; TGO: 56 U/ml, TGP: 204 U/ml; glicemia:94 mg%.

DIAGNÓSTICO: Feita hipótese de PTI, o paciente foi internado para observação e investigação. Após 1 dia, foram notadas equimoses e aumento do número de petéquias em membros inferiores (distribuição gravitacional) e no palato, além de gengivorragia discreta. Foi colhido mielograma que mostrou padrão compatível com consumo periférico de plaquetas, sugerindo PTI (medula óssea normal ou leve hiperplasia do setor megacariocítico)

CONDUTA E EVOLUÇÃO: Pulsoterapia com metilprednisolona 30mg/kg/dia durante 3 dias. Paciente evoluiu com níveis crescentes de plaquetas em uma semana: 13.000, 34.000, 69.000 e 100.000/mm3. Desde então não apresenta alterações clínicas em acompanhamento ambulatorial.